O pente dos piolhos
O pente dos piolhos |
Os piolhos são
insetos sem asas que se reproduzem por ovos, as lêndeas.
Para a
realização do seu ciclo de vida precisam de um hospedeiro, daí se instalarem,
principalmente, na cabeça dos humanos. O seu tamanho é inferior a um milímetro,
pelo que se escondem facilmente no meio onde vivem.
A transmissão
deriva do contacto direto com cabelos infetados ou da partilha de chapéus ou
outras coberturas da cabeça, pentes ou escovas, dado que, não tendo asas, os
piolhos não podem deslocar-se de pessoa para pessoa.
Alimentam-se picando
o couro cabeludo, onde deixam uma espécie de saliva que determina o caraterístico
prurido.
De longa data
se luta contra esta praga.
Catar os
piolhos era, no passado, tarefa habitual, sobretudo, na hora da sesta do tempo
quente, em que a catadeira sentada na soleira da porta, debruçada sobre a
cabeça do catado, sentado no chão, passava com todo o cuidado e pormenor aquele
cabelo para encontrar e matar com as unhas dos dois dedos polegares os piolhos
que ia encontrando.
Por isso, o povo
chamava a estes dedos os “mata-piolhos”.
Em três semanas
os piolhos tornam-se adultos, põem 10 a 12 ovos por dia que hão de dar origem a
novos exemplares, criando, assim, um ciclo difícil de combater.
Espiolhar era,
pois, um ato habitualmente muito repetido.
- Sugestão: Superstições e crendices dos nossos avós
Outra forma
desta luta era através do pente dos piolhos: de marfim para a gente rica, de
osso de baleia para quem ainda tinha bastantes posses e de osso simples, o mais
barato, para quem podia comprá-lo, como é o que aqui apresentamos.
Com os dentes
bem juntinhos, devia passar-se no cabelo molhado sobre toalha ou pano branco,
talvez de linho, durante as vezes e dias necessários até à limpeza total.
Buscá-los no
pano branco e matá-los com as unhas dos “matapiolhos” era a
tarefa final.
Fonte: Museu de Silgueiros (texto editado e adaptado)