Colchas de noivado de Castelo Branco (Beira Baixa)
Colchas de noivado de Castelo Branco |
O público da capital
pode apreciar, há poucos meses [1942], no estúdio do S. P. N., algumas
verdadeiras obras-primas da nossa arte industrial doméstica: - as colchas de noivado, que a tradição feminina de Castelo Branco
soube conservar, carinhosamente.
Obras-primas de
composição, de desenho, de fantasia, de delicadeza e de cor.
Vem de muito
longe, no espaço e no tempo, a graça ornamental destas colchas, em que o linho e
a seda, as flores e os pássaros, os cavalos e as árvores, as sereias e as
quimeras e, até, os animais selvagens e o seres humanos nelas desenhados e
coloridos, começam por dar aos noivos o mais evidente e enternecedor exemplo de
harmonia.
Harmonia quási
musical, pode dizer-se: no capricho da tessitura, na fantasia dos assuntos, no
ritmo dos ornatos, no desenvolvimento dos tons.
Pensa-se nas
mãos que produziram estas maravilhas e gostaríamos de tê-las beijado, com
enlevo, com respeito, com gratidão.
Senhoras e meninas dessas terras provinciais, desses pequenos burgos de tão poéticos e graciosos nomes (Orvalho, Tortosendo, Silvares, Teixoso, Sobreira Formosa, Tinalhas, Estreito, S. Vicente da Beira, Dominguizo, Proença-a-Nova e Proença-a-Velha...) senhoras e meninas de antanho e de hoje, a quem ficámos a dever estas obras-primas: - em nome de todos os portugueses, obrigado!
Pormenores de alguns dos mais belos espécimes das colchas policromáticas bordadas na Beira Baixa.Fotos de Mário Novaes |
Fonte: Revista "Panorama", nº 10 - Agosto de 1942 (texto editado e adaptado)