Superstições e crendices dos nossos avós
Tradicionalmente,
existe todo um universo de crenças, que permanentemente ameaçam as pessoas. Uma
das mais temidas é a do "mau-olhado" que leva a toda uma série
de sintomas e malefícios.
A "doença"
típica provocada pelo mesmo é o "quebranto", onde o atingido
tem perda da vivacidade, olhos lacrimejantes, sonolência entre outros. A cura
só se dá através de muita benzedura.
Segundo a
crença popular, não se deve brincar com a própria sombra, pois pode "trazer
doença", nem contar estrelas, pois faz nascer verrugas também
conhecidas por “cravos”.
Deve-se
evitar ter em casa búzios e caramujos ou barcos em miniatura, pois os mesmos
"chamam" males.
Borboletas
pretas, mariposas, morcegos e cobras são animais peçonhentos que representam
mau agouro, pois foram criados pelo diabo.
Se matar
gatos traz sete anos de atraso na vida, já uma rapariga que pisa em cima do seu
rabo não casa.
Estes são
apenas alguns exemplos das infindáveis superstições e crenças que faziam e
ainda fazem parte do quotidiano de muitas comunidades, particularmente as
rurais, por vezes ditando normas e condutas sociais.
Várias superstições relativas às crianças
Se a
criança nasce ao sábado ou a o domingo, não entrará com ela causa ruim; se à
sexta-feira, as bruxas não querem nada com ela; se em dia de Ano Bom ou Natal,
será feliz; se em ano bissexto, não será atacada de bexigas.
Dá azar
nascer em 3 ou 13. Saber mais...
Superstições relacionadas com a comida e o comer
Quem come
um fruto pela primeira vez num ano benze-se com ele, dizendo: «deixa-me
fazer novo. Em nome de Padre, Filho e Espírito Santo» (Alportel,
Algarve).
Nas mesmas
circunstâncias, na Beira, diz-se: «Ano melhorano, Deus me deixe chegar ao
ano.» Ouvi que, em Coimbra, quando se come uma coisa pela primeira vez,
se formulam três desejos. Saber mais...
Superstições com o vestuário
Em
Carviçais, Moncorvo (Abade José Tavares, 1904), crê-se que quem morre mascarado
vai para o Inferno.
Também ali
se crê que é de muito mau agouro dormir com os sapatos no sobrado, voltados com
as palmilhas para cima, ou com os sapatos à cabeceira, ou com o chapéu aos pés
(ou com a candeia no chão).
Também é
aziago, algures, colocar os sapatos em disposição inversa. Saber mais...
Superstições com os animais
Ligadas
aos animais, correm muitas superstições, das quais bastantes se incluíram
noutros lugares. Agora ficam aqui reunidas umas, mais características, tanto de
carácter geral como de aplicação a um ou outro animal.
Crê-se
(por exemplo, em Mangualde e Lisboa) que é bom ter animais em casa, pois certas
doenças, e até a morte, vão para eles, em vez de atacarem as pessoas. Saber mais...
Superstições relacionadas com a água
Não é bom
beber água de noite, porque ela está a dormir, e se não puder deixar de
beber-se bata-se para a acordar e não fazer mal (Óbidos e Mangualde).
Também em
Carviçais, Moncorvo, se diz que a água dorme de noite, e em Baião, quando
alguém tem sede de noite e quer beber água, é necessário deitar uma pinga fora
e diz-se: «Acorda, água, que eu também já acordei!» «Vamos pelo
que diziam os antigos»! Saber mais...
As «crendices» das ervas
"Como
sempre todas as plantas se mostraram importantes para a humanidade, outrora
consideradas filhas divinas da Mãe-Terra.
Daí a sua
também popularização através de envolvimentos mais ocultos pelos seus «atributos
mágicos» em crendices populares, ensalmos, esconjuros, fórmulas
de atalhar ou mezinhas criadas pelas chamadas «mulheres
de virtude», «talhadeiras» ou «benzedeiras»,
pelos feiticeiros ou por tantos de nós em rituais que ainda hoje perduram nas
nossas aldeias." Saber mais...
Imagem:"Ao serão" - António Christo Fragoso in "Boletim Fotográfico", nº41 - 1903