Livro de receitas gastronómicas e não só!
Os livros de
receitas de cozinha são hoje comuns.
Os autores e as
editoras esmeram-se no conteúdo como no aspeto gráfico, para mais facilmente
conquistar o comprador e disponibilizar ajudas para quem se dedica à cozinha ou
quer melhorar e variar as suas prestações.
Também cada
qual procura ter o seu próprio livrinho onde regista os pequenos/grandes
segredos da culinária, as dicas para uma doçaria requintada, capaz de fazer
inveja em dias assinalados de reunião de famílias ou de amigos.
Vem de longe
esta forma de guardar estas preciosidades, designadamente, os procedimentos de
gerações, que era obrigatório guardar para as filhas e para as netas.
Dificuldade era
a capacidade de as escrever, pois, ao tempo, o analfabetismo, em Portugal,
vivia em plena liberdade, mesmo nas classes mais privilegiadas, sobretudo, nos
elementos do sexo feminino.
- Para ler: Superstições e crendices dos nossos avós
O livrinho de
receitas que hoje aqui trazemos, vem do século XIX, mais concretamente, de 1833
e foi escrito com caneta “de molhar” e aparo de aço na caligrafia rigorosa
defendida e praticada na época, em função dos critérios pedagógicos da
aprendizagem das primeiras letras: método sintético, com exercícios treinados
até à exaustão, determinando, deste modo uma escrita semelhante para todos os
escreventes que não respeitava a psicologia individual, mas respondia às
exigências dos conceitos da escrita: legibilidade, elegância e clareza.
Para além das receitas da cozinha, o livrinho regista também uma grande quantidade de sugestões para acudir às maleitas do corpo, já que os médicos, poucos e muitas vezes distantes, eram frequentemente substituídos por procedimentos da tradição: chás, mezinhas, rezas e benzeduras.
Fonte: Museu de Silgueiros (texto editado)