ABC do Folclore – Manual de Iniciação (2)
"Guardando o gado" - Vila Chã(Cliché do sr. Francisco Guilherme Lacombe Neves) |
Finalizámos o texto anterior, informando que já em 1878 o Folclore era reconhecido internacionalmente como “saber tradicional, história não contada de um povo”, primeiro para se referir às tradições, costumes e superstições das classes populares, posteriormente para designar toda a cultura nascida principalmente nessas classes.
Temos assim,
que “folclore” é a “cultura tradicional do povo”, cujo conceito havia que
definir.
E é nesse
sentido que em Dezembro de 2002, por iniciativa do Jornal Folclore, se reúnem
em Santarém especialistas e estudiosos na matéria, a fim de elaborar um texto
que a todos servisse de orientação.
E diga-se, porque
de justiça, que o conceito saído dessa reunião merece a nota de excelente,
mantendo-se ainda hoje inalterável.
Agora, o que
acontece ainda com o folclore, é que nada acontece por acontecer, há sempre uma
razão para que aconteça.
É proibido inventar
Diz o nosso
amigo Inspetor Lopes Pires, que no tecto do quarto dos “ensaiadores” deveria
estar escrito que é proibido inventar.
O que significa
que feita a recolha, que leva à maior representatividade possível, nada se deve
alterar.
A coreografia
tem que ser como era, o trajo tem que ser como era, a música tem que ser como
era.
Qualquer
retoque, por exemplo na manga de uma blusa, na maneira de bailar, na letra das
cantigas é alienar aquilo que era folclore e deixou de ser.
Como dissemos
acima, o folclore é reconhecido internacionalmente como o “saber tradicional, história
não contada de um povo“.
Não nos digam
por isso, quê o conceito de folclore não é mundial, pelo que cada país devia
trabalhar o saber tradicional do seu povo, o que não aconteceu.
Apenas no nosso
País se seguiu o caminho certo, por isso somos os que mais nos aproximamos das
raízes.
Lino Mendes
Imagem: Imagem: "Ilustração Portuguesa", nº726 - 9 de Janeiro 1920