Medicina Popular e Tradicional - Ervas e Plantas Aromáticas ou Medicinais
«Tudo
começou há milhares de anos, quando o Homem sobrevivia caçando, arriscando-se
continuamente.
Observando
a Natureza, construiu as primeiras teorias do funcionamento do Mundo. Melhor
que qualquer outro animal o Homem está biologicamente equipado para estabelecer
causalidades e sequências.
As
primeiras teorias médicas surgem, assim, do estabelecimento de relações entre
as forças da Natureza e a evolução do indivíduo. A evolução técnica permite,
nos nossos dias, a instauração de uma medicina preventiva.
O
Homem é capaz de controlar o meio em que vive e agir sobre a sua própria
estrutura biológica. A um nível mais restrito, mantêm-se as medicinas
populares, baseadas em sistemas médicos locais, a que muitas vezes se dá o nome
de medicinas primitivas ou herboristas.(…)
(…)
A medicina popular está muito próxima da medicina tradicional do tipo erudito.
Os antropólogos chamam-lhe também a medicina folk, a qual recobre praticamente
os mesmos domínios: a dietética e produtos vegetais, os rituais, manipulações
físicas e o religioso.
A
medicina popular define-se como o conjunto de conhecimentos e crenças criados
pelo povo, quer dizer, pelos profanos não profissionais, e que se opõe ao
discurso erudito.
Com efeito, a cultura popular caracteriza-se pela oralidade e por vezes esta oralidade traduz mais facilmente certas adaptações locais e certas adaptações específicas à doença." (1)
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Neste
artigo vamos divulgar o início de textos sobre este tema, disponibilizados no Portal do Folclore Português:
Plantas aromáticas e medicinais
Existem
plantas aromáticas e medicinais das mais variadas espécies, apresentando
consistência herbácea, semi-herbácea ou lenhosa, e com possibilidade de
aproveitamento de uma parte da planta ou da sua totalidade.
Estas
plantas possuem na sua composição, para além das substâncias presentes em todas
as outras (como água, sais minerais, ácidos orgânicos, hidratos de carbono ou
substâncias proteicas), compostos que as diferenciam e conferem propriedades
especiais, tais como alcalóides, glucosídeos, óleos essenciais, taninos, entre
outros, permitindo a sua utilização em medicina, na alimentação, como
conservante, aromatizante ou no fabrico de cosméticos e perfumes. Ler+
Doenças e ervas medicinais
Todas
as plantas têm princípios ativos, capazes de interferir a nível biológico se
ingeridos pelo organismo humano. Destiladas, a maioria das plantas produz
essências, álcool e gases combustíveis.
Associadas
a estas substâncias estão outras que, pela sua concentração, dão propriedades
específicas às plantas, como é, por exemplo, o caso das papoilas que produzem o
ópio. Ler+
Ervas aromáticas
Dizem
os historiadores que, desde o Paleolítico, o homem se habituou a procurar as
ervas mais apropriadas para a alimentação, mas também para a cura dos seus
males.
As
referências, primeiro em cavernas e, mais tarde, em documentos, são prova
disso. A Bíblia, o Talmude e o Corão, por exemplo, mencionam e indicam ervas
para uso pessoal e cerimonial.
Mas
a proliferação das ervas e temperos está sobretudo ligada à história dos meios
de transporte e à imigração de povos.
A
sua importância ganha outra dimensão com o empenho dos europeus, em particular
dos portugueses, em encontrar um caminho para a Índia, com a finalidade de adquirir
especiarias. Ler+
A "beleza" das ervas
Desde
o dia em que Eva, arrancando uma folha - de parreira ou de figueira (?) - para
enfeitar a sua nudez, entendeu que a mãe-natureza lhe podia fornecer as armas
do encanto e da sedução.
Esta
utilização de cosmética e venérea atravessaria todas as antigas culturas
- os
gregos desenvolveram uma filosofia completa de saúde e beleza à base de
plantas;
- os
romanos entregaram-se ainda mais aos cuidados com o corpo;
- por
altura do renascimento fazia-se a separação entre os cuidados da pele e os
cuidados de saúde;
- e,
a partir do século XIX, nos Estados Unidos da América, a cosmética organizou-se
como atividade industrial, com a utilização de conservantes e a produção em
massa. Ler+
A "saúde" das ervas
Durante
milhares de anos, o homem guiado pelo mesmo instinto que hoje leva outros
animais a se purgarem com certas ervas escolhidas, ele selecionava na natureza
os vegetais para a cura dos seus males.
E,
ao organizar-se em comunidades começa a transmitir às gerações futuras o “fruto
do saber”:
- os
celtas, nossos remotos antepassados, conheciam perfeitamente as propriedades
das Fontes termais e são imitados pelos legionários romanos;
- os
chineses e os egípcios ensinaram as propriedades do ópio, da romã, do ruibarbo;
- os
gregos e os romanos definiram a utilização das sementes de rícino, da beladona
ou da misteriosa mandrágora;
- os
gauleses trouxeram o conhecimento do visco-branco da verbena, da centáurea, da
milfurada, do meimendro e da salva. Ler+
As «crendices» das ervas
Como
sempre todas as plantas se mostraram importantes para a humanidade, outrora
consideradas filhas divinas da Mãe-Terra.
Daí
a sua também popularização através de envolvimentos mais ocultos pelos seus
«atributos mágicos» em crendices populares, ensalmos, esconjuros, fórmulas de
atalhar ou mezinhas criadas pelas chamadas «mulheres de virtude», «talhadeiras»
ou «benzedeiras», pelos feiticeiros ou por tantos de nós em rituais que ainda
hoje perduram nas nossas aldeias.
São
alguns desses registos que aqui se enumeram porque também fazem parte da vida e
da história destas ervas. Ler+
Chás e Infusões
O
chá mais antigo de todos, conhecido como chá preto, foi descoberto na China há
quase 5.000 anos.
Trazido
para a Europa pelos Portugueses e desenvolvido pelos Ingleses, o chá preto é
hoje consumido por pessoas de todo o mundo: pelo seu sabor, pelas suas
propriedades preventivas ou curativas, porque ajuda a relaxar ou porque
estimula o corpo e a mente, muitas razões são invocadas.
Segundo
as lendas chinesas, a descoberta do chá e das suas qualidades benéficas terá
acontecido quando o imperador Shen Nung, por volta do ano 2737 a. C, decidiu
experimentar o resultado da queda acidental de uma folha de árvore em água a
ferver: uma infusão refrescante e revitalizante. Ler+
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Se
quiser saber quando pode ou deve semear, tratar, colher, etc., no seu quintal
ou mesmo em casa, diversas plantas/ervas aromáticas e/ou medicinais, pode
consultar aqui o Calendário Agrícola.
(1) ("Medicina Popular - Ensaio de Antropologia Médica", de António Fontes e João Gomes Sanches, Âncora Editora, Colecção "Raízes", Março de 1999)