Os cordofones em Portugal: uma viagem musical pelas cordas da tradição

Os cordofones em Portugal: uma viagem musical pelas cordas da tradição

Os cordofones, instrumentos musicais que produzem som através da vibração de cordas tensionadas, têm uma presença marcante na cultura musical de Portugal.

A diversidade e riqueza destes instrumentos refletem não só a história musical do país, mas também as influências culturais que moldaram as tradições musicais ao longo dos séculos.

Neste texto, vamos falar que são os cordofones, as suas principais características, e faremos uma viagem pelas várias regiões de Portugal para conhecer os cordofones mais emblemáticos.

O que são cordofones?

Cordofones são uma categoria de instrumentos musicais em que o som é produzido pela vibração de uma ou mais cordas tensionadas, geralmente esticadas entre dois pontos.

Estes instrumentos podem ser tocados de várias maneiras: dedilhando, friccionando, ou percutindo as cordas.

A vibração das cordas é amplificada pelo corpo do instrumento, que pode ter diferentes formas e tamanhos, contribuindo para a variedade de timbres e sons que os cordofones podem produzir.

Existem diferentes tipos de cordofones, categorizados de acordo com a forma como o som é produzido:

Cordofones dedilhados: como a guitarra ou o cavaquinho, em que as cordas são dedilhadas com os dedos ou com uma palheta.

Cordofones friccionados: como o violino, onde as cordas são friccionadas com um arco.

Cordofones percutidos: como o piano, onde as cordas são percutidas por martelos internos acionados pelas teclas.

Características dos cordofones

Os cordofones possuem características que variam conforme a sua construção e o modo de execução, mas algumas são comuns a todos os instrumentos desta família:

Cordas: As cordas podem ser feitas de diferentes materiais, como tripa, nylon, metal ou seda. A escolha do material influencia o som produzido, sendo que as cordas mais grossas produzem sons mais graves e as mais finas, sons mais agudos.

Corpo: O corpo do instrumento, geralmente em forma de caixa-de-ressonância, amplifica o som produzido pelas cordas. A forma e o tamanho do corpo afetam a tonalidade e o volume do som.

Escala: A escala é a parte do instrumento onde as cordas são pressionadas para alterar a altura das notas. Nos cordofones de braço, como o bandolim, a escala é marcada com trastes para definir os diferentes intervalos musicais.

Técnica de execução: A maneira como o instrumento é tocado (dedilhado, friccionado ou percutido) também define as características sonoras do cordofone, proporcionando uma ampla gama de expressões musicais.

Cordofones em Portugal por regiões

Portugal possui uma rica variedade de cordofones, muitos dos quais são únicos a determinadas regiões. Estes instrumentos desempenham um papel central na música tradicional e são frequentemente associados a danças, festas e outras celebrações populares.

Minho: Cavaquinho e Viola Braguesa

O cavaquinho é talvez um dos cordofones mais emblemáticos de Portugal. Originário do Minho, este pequeno instrumento de quatro cordas é utilizado em grupos de música tradicional, especialmente nas rusgas e nas cantigas ao desafio. O som agudo e brilhante do cavaquinho torna-o perfeito para acompanhar danças rápidas e alegres.

A viola braguesa é um cordofone típico do norte de Portugal, particularmente da região de Braga. Este instrumento de cinco ordens de cordas (dez cordas no total) é utilizado para acompanhar cantares e danças tradicionais. A afinação da viola braguesa pode variar, refletindo as diferentes tradições locais.

Douro Litoral: Viola Amarantina

A viola amarantina é um instrumento musical tradicional português que faz parte da família das violas de arame. Esta viola, também conhecida como viola de dois corações, é característica da região de Amarante, no norte de Portugal, e possui uma história rica e uma estética distinta que a diferencia de outras violas portuguesas.

A viola amarantina é facilmente reconhecida pelas duas aberturas em forma de coração no tampo, o que lhe confere o nome popular de “viola de dois corações“. Este design é único e carrega um forte simbolismo, muitas vezes associado ao amor e à paixão.

Beiras: Viola Beiroa e Viola Toeira

A viola beiroa, também conhecida como bandurra ou viola de Castelo Branco, é típica das Beiras. Este instrumento distingue-se pelas suas cinco ordens de cordas, sendo a última ordem geralmente afinada em oitavas. A viola beiroa é usada para acompanhar modas e cantares típicos da região.

A viola toeira é um dos muitos tesouros musicais de Portugal, profundamente enraizada na tradição cultural da região da Beira Litoral, especialmente em Coimbra. Este instrumento de cordas é uma variante da viola braguesa, mas com características únicas que a distinguem e a tornam essencial na música folclórica portuguesa.

A viola toeira, com seu som agudo e metálico, ocupa um lugar especial na história musical do país, sendo não apenas um instrumento, mas também um símbolo de identidade cultural e tradição.

Alentejo: Viola Campaniça

viola campaniça, também chamada de viola alentejana, é um cordofone tradicional do Alentejo. Este instrumento de cinco ordens de cordas é frequentemente utilizado para acompanhar as modas e os cantares alentejanos, especialmente no Cante Alentejano. A viola campaniça tem um som grave e profundo, refletindo a paisagem ampla e serena do Alentejo.

Açores e Madeira: Viola da Terra e Braguinha

Nos Açores, a viola da terra, também conhecida como viola de dois corações devido ao formato dos seus orifícios, é um cordofone essencial na música tradicional açoriana. Este instrumento de 12 cordas (seis ordens duplas) tem um som melodioso que se integra perfeitamente nas "chamadas" e "desgarradas" típicas da região.

Na Madeira, destaca-se o braguinha, um pequeno cordofone semelhante ao cavaquinho. Este instrumento é muitas vezes utilizado em conjuntos tradicionais madeirenses, e o seu som alegre e vibrante é característico das festas da ilha.

Outras informações sobre os cordofones

Os cordofones desempenham um papel crucial na preservação da cultura e identidade regional em Portugal. Muitos destes instrumentos são fabricados por luthiers artesanais, que mantêm técnicas de construção transmitidas de geração em geração.

A produção artesanal de cordofones não só garante a qualidade e autenticidade dos instrumentos, como também preserva um conhecimento ancestral que faz parte do património cultural imaterial de Portugal.

Além disso, os cordofones estão intimamente ligados a várias manifestações culturais, como as romarias, as festas populares e as cerimónias religiosas. A sua presença em eventos comunitários reforça os laços sociais e a transmissão de tradições de forma oral e musical.

Nos últimos anos, tem havido um renascimento do interesse pelos cordofones tradicionais, com novos músicos e grupos dedicados a explorar e reinventar o repertório tradicional. Este movimento não só ajuda a manter viva a tradição, mas também a adaptá-la às novas realidades musicais e culturais.

Conclusão

Os cordofones em Portugal são mais do que simples instrumentos musicais; são símbolos vivos de uma herança cultural rica e diversificada.

Através das suas cordas, ecoam histórias, tradições e emoções que definem a identidade musical de diferentes regiões do país.

Conhecer e preservar os cordofones portugueses é, portanto, essencial para manter viva a chama da cultura tradicional e garantir que as próximas gerações possam continuar a vibrar ao som das cordas da nossa história.

Nota: Se considera que neste texto alguma coisa está errada, ou se quiser complementar alguma informação, agradecemos que nos informe.

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