Sobre um regime pastoril comunitário
Rebanho e pastores"Serões", nº40 - 1908 |
Realizou-se, em
Braga e em Viana do Castelo, nos dias 22 a 25 de Junho de 1956, o I Congresso
de Etnografia e Folclore, promovido e organizado pela Câmara Municipal de
Braga.
“Sobre um regime pastoril comunitário” (Ermida
– Ponte da Barca) foi um dos assuntos tratados, apresentado por João Machado
Cruz, Assistente da Faculdade de Ciências do Porto:
“O autor
analisa o comunitarismo pastoril que ainda hoje se verifica na freguesia de
Ermida, do concelho de Ponte da Barca.”
In “Guia
oficial do I Congresso de Etnografia e Folclore” | Imagem meramente ilustrativa
Para conhecer
outros assuntos discutidos no I Congresso de Etnografia e Folclore.
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Uma opinião sobre o assunto
No norte
de Portugal, especificamente na região montanhosa de Trás-os-Montes, existe um
interessante e antigo regime pastoril comunitário que perdurou quase até os
dias de hoje.
Neste
sistema, as terras de pastagem eram partilhadas e utilizadas em conjunto por
várias famílias de agricultores e criadores de gado.
O regime
pastoril comunitário baseava-se na ideia de cooperação e partilha de recursos
entre os membros da comunidade local.
Cada
família tinha o direito de utilizar uma parte das terras de pastagem para
alimentar o seu gado, mas era também responsável por contribuir para a
manutenção e preservação da área comum.
As
decisões sobre a gestão das terras e a distribuição dos recursos eram tomadas
de forma coletiva, em assembleias comunitárias onde todos os membros tinham voz
ativa.
Esta forma
de organização promovia a solidariedade, a igualdade de oportunidades e a
sustentabilidade ambiental, uma vez que os pastos eram utilizados de forma
equilibrada e consciente.
Além
disso, o regime pastoril comunitário no norte de Portugal também tinha um forte
valor cultural e histórico, sendo parte integrante da identidade local e das
tradições ancestrais da região.
As festas
e celebrações ligadas à pastorícia eram momentos de convívio e união entre os
habitantes locais, reforçando os laços de comunidade e a preservação das
práticas tradicionais.
Em tempos
de mudança e pressão crescente sobre os recursos naturais, o regime pastoril
comunitário revelou-se como uma alternativa sustentável e resiliente, capaz de
conciliar a atividade agrícola com a conservação do meio ambiente e a promoção
do bem-estar das comunidades rurais.
Esta forma
de gestão compartilhada dos recursos naturais é um exemplo inspirador de como a
tradição e a inovação podem caminhar juntas em prol de um futuro mais
sustentável e equitativo.