A camisa de dormir de homem era de linho
Camisa de dormir de homem
A camisa de
dormir de homem é peça rara e sem utilização na gente simples do povo
português.
Nos finais
do século XIX, nas classes sociais privilegiadas e economicamente mais
abastadas, as coisas já se passavam de maneira diferente.
As
senhoras cultivavam o pudor com muito empenho pelo que esconder o corpo dos
próprios maridos era procedimento corrente e aconselhado.
Eles
procediam do mesmo modo, pelo que ambos usavam camisas para dormir compridas
até um pouco abaixo do joelho, feitas de linho*, fibra nobre de que se
fazia desde o bragal até às toalhas de altar.
Algum
bordado, sobretudo nas de uso feminino, um monograma a ponto de cruz de fina
linha vermelha e era tudo.
Tudo ou
quase tudo. Porque na camisa do homem havia que acautelar um importante
pormenor: uma abertura redonda, no lugar certo, para salvaguardar o momento do
ato gerador de vidas, sem atentar contra o tal pudor cultivado durante uma vida
inteira.
A esposa
também já trazia no seu enxoval de noivado um lençol com um buraco semelhante,
aberto no sítio adequado.
Deitada
sob este lençol, deixava ao cuidado do marido o trabalho de acertar buraco com buraco.
E assim se
chegava ao fim da vida podendo dizer-se com verdade: - O meu marido nunca me
viu o corpo.
Fonte: Museu de Silgueiros (texto editado e adaptado)
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O linho
O linho é uma planta herbácea que chega a atingir um
metro de altura e pertence à família das lináceas. Abrange um certo número de
subespécies, integradas por botânicos com o nome de Linum usitatissimum L..
Compõe-se basicamente de uma substância fibrosa, da qual se extraem as fibras longas para a fabricação de tecidos e de uma substância lenhosa.
Produz sementes
oleaginosas e a sua farinha é utilizada para cataplasmas de papas, usada para
fins medicinais. (…)
A colheita é
manual, arrancada pela raiz, a fim de se aproveitar todo o comprimento dos
caules, formando-se em mancheias (pequenos molhos) com a parte da semente toda
para o mesmo lado.
Inicia-se quando
o talo está amarelo-maduro, isto é, quando o terço inferior do talo ficou
amarelo e ele está perfeitamente redondo por fora.
Na maturação
total as sementes alcançam plena maturidade.
Em Portugal
destaca-se a produção das seguintes qualidades de linho:
O linho galego: para este tipo de linho reservam-se os melhores terrenos, e preferentemente aqueles que podiam ser regados com facilidade.
Semeia-se em Abril ou primeiros
dias de Maio e colhe-se em Junho. (…)
O linho mourisco: Este tipo de linho é pouco exigente e sensível relativamente à qualidade dos terrenos.
Adapta-se a terrenos muito pobres. (…)
Saber mais sobre o ciclo do linho