Festas e Romarias Populares em Portugal - Introdução
Estamos quase a chegar ao mês de Junho, também conhecido como o mês dos Santos Populares:
«É Santo António,
ou S. João,
será S. Pedro
o de maior devoção?».
ou S. João,
será S. Pedro
o de maior devoção?».
É o início de um período intenso de festas e romarias populares, embora estas se realizem, de norte a sul do país, sem esquecer as regiões autónomas dos Açores e da Madeira, ao longo de todo o ano.
No entanto, é, efectivamente, no Verão que em maior número e as mais importantes festas e romarias populares se realizam.
As Festas e Romarias são um traço típico da cultura popular e tradicional do nosso povo.
As Festas e Romarias são um traço típico da cultura popular e tradicional do nosso povo.
Estas manifestações, extremamente numerosas e variadas, acontecem um pouco por todo o país, e fazem parte das tradições e memórias de um povo que luta para manter actual a cultura secular que lhe confere uma identidade muito própria.
As Romarias são festas em honra de um santo patrono, que incluem simultaneamente duas dimensões que, mais do que se oporem, se complementam:
As Romarias são festas em honra de um santo patrono, que incluem simultaneamente duas dimensões que, mais do que se oporem, se complementam:
- a dimensão religiosa, com os seus aspectos mais característicos: o cumprimento das promessas individuais ao santo, a missa com o sermão solene e a procissão,
- e a dimensão profana, para a qual contribuem a feira (de gado e não só), com as características barracas de venda de artigos variados, de “comes e bebes”, assim como as diversões, a música e os bailaricos.
Joaquim Alves Ferreira, no seu Cancioneiro – Literatura Popular de Trás-os-Montes e Alto Douro (obra de recolhas em 5 volumes) afirma que
Joaquim Alves Ferreira, no seu Cancioneiro – Literatura Popular de Trás-os-Montes e Alto Douro (obra de recolhas em 5 volumes) afirma que
«As festas e romarias, tão caras à alma do nosso povo, crente e folgazão, têm uma função simultaneamente religiosa e social.
A elas afluem, de todas as partes por onde andam dispersos, os filhos da terra, para alimentar a fé que os liga à sua igreja e fortalecer as raízes que os ligam ao seu torrão natal.
Nelas se robustecem velhas amizades e se criam outras novas, embora, às vezes, se gerem também discórdias, porque o calor aperta e o vinho sobe à cabeça dos romeiros, o que felizmente se vai tornando cada vez mais raro.
Depois de satisfeitas as devoções e cumpridos os votos, vá de dar largas à emoção e à alegria, num convívio salutar e fraterno, com os parentes e amigos, cantando e dançando, no largo da igreja ou no recinto da ermida.»
Sobre o mesmo assunto, João Vasconcelos (1) escreve o seguinte:
A elas afluem, de todas as partes por onde andam dispersos, os filhos da terra, para alimentar a fé que os liga à sua igreja e fortalecer as raízes que os ligam ao seu torrão natal.
Nelas se robustecem velhas amizades e se criam outras novas, embora, às vezes, se gerem também discórdias, porque o calor aperta e o vinho sobe à cabeça dos romeiros, o que felizmente se vai tornando cada vez mais raro.
Depois de satisfeitas as devoções e cumpridos os votos, vá de dar largas à emoção e à alegria, num convívio salutar e fraterno, com os parentes e amigos, cantando e dançando, no largo da igreja ou no recinto da ermida.»
Sobre o mesmo assunto, João Vasconcelos (1) escreve o seguinte:
«Que as festas e as romarias sejam o melhor de Portugal é juízo no limite indemonstrável, dependendo a sua verdade dos gostos e dos interesses de cada um.
È porém certo que para numerosos habitantes de muitas aldeias, vilas e cidades do país, as festas das respectivas terras são aquilo que elas têm de melhor. (…)
As festas serão hoje para muitos dos seus participantes mais espectaculares do que no passado, no sentido em que apelam mais à contemplação do que à dissolução.
As festas serão hoje para muitos dos seus participantes mais espectaculares do que no passado, no sentido em que apelam mais à contemplação do que à dissolução.
Além disso, proporcionam programas mais variados, aptos a cativar o interesse de públicos diversos.
À missa, à procissão, à feira e ao foguetório acrescentam um concerto de música de baile, um sarau cultural, um cortejo histórico ou etnográfico, uma exposição de artesanato, um festival gastronómico, uma prova de motociclismo.
Certas festas começam a integrar demonstrações de si próprias.
À missa, à procissão, à feira e ao foguetório acrescentam um concerto de música de baile, um sarau cultural, um cortejo histórico ou etnográfico, uma exposição de artesanato, um festival gastronómico, uma prova de motociclismo.
Certas festas começam a integrar demonstrações de si próprias.
Cortejos etnográficos e museus de santuários de romaria encenam quadros de festividades tal como se faziam no tempo dos nossos avós, e alguns agrupamentos folclóricos empenham-se na ressurreição de modos de festejar caídos em desuso.
Transformadas em manifestações da «cultura tradicional» num mundo em que a «cultura» e a «tradição» são mercadorias estimadas, várias festas capitalizam assim esse valor em seu proveito.»
Ora, é precisamente sobre algumas das principais Festas e Romarias de Portugal que se realizam um pouco por todo o país que vamos falar nos próximos posts, desejando que a respectiva leitura possa “abrir o apetite” para uma vivência in loco de algumas delas.
Ora, é precisamente sobre algumas das principais Festas e Romarias de Portugal que se realizam um pouco por todo o país que vamos falar nos próximos posts, desejando que a respectiva leitura possa “abrir o apetite” para uma vivência in loco de algumas delas.
(1) In GUIA Expresso “O melhor de Portugal” – 12 – Festas, Feiras, Romarias, Rituais)