Tradições do Natal de antigamente

Preparativos para a Ceia de Natal 

Quadro de José de Brito

Sobre o Natal…

"Eu felicito as crianças da minha terra por este dia de rosas do Natal.

Era já tempo de que esse hábito de por ai além se espalhasse entre nós, suspendendo o indigenismo grosseiro. Vê-se que não sou jacobino.

A árvore de Natal introduzida entre nós foi um sinal de regeneração de costumes. Nós nem ao menos podemos criar.

Tudo o que inventamos é imperfeito.

Cumpre que venham o inverno e a criação de um país mais antigo, mais frio, onde se meça o que se faz, como em Londres e se o enfeite de laçarias e de cores vistosas e alegres, como em Paris. (...)

O Natal, para Trás-os-Montes, por exemplo, tem o seu encanto rude e grosseiro, enchendo o horizonte estreito dos seus habitantes.

Para que previna suspeitas sobre o que digo, comunico que sou transmontano por nascimento, embora de há muito me houvesse filiado a outro meio.

Até ao dia de reis tudo adormece, e sonha na folia.

Neste dia, as povoações retomam outro ar. (...)

É o Natal!

Tu o ouviste nesse sino que te cantou pela madrugada aos ouvidos atentos e curiosos a balada encantadora dos souliers rouges..."

Almeida Campos

in "Branco e Negro, nº 91 - 1897

Tradições Portuguesas pelo Natal, por Adolfo Coelho

O Sr. F. Adolfo Coelho, "No artigo sobre Calendário Popular faz uma enumeração de tradições portuguesas e depois compara-as com tradições estrangeiras.

Com relação ao descanso da noite de Natal temos ouvido também versos e ditos populares.

No concelho de Mondim da Beira, e em muitos outros, costuma-se, por ocasião do Natal, jogar os pinhões ao rapa (espécie de pinhões com quatro letras, T - tira, D - deixa, P - põe, R - rapa, que decidem do jogo) e ao par e pernão.

Também se jogam confeitos e amêndoas doces.

O casco das pinhas que se queimam na noite de Natal, para a extracção dos pinhões, guarda-se e, quando troveja, põe-se ao lume: aonde chegar o fumo não cai raio (Famalicão, Leça do Balio).

Aos pinhões se referem os seguintes versos:

Nossa Senhora da Serra
Lá anda no pinheiral,
Apanhando pinha mansa
Para a noite de Natal.

(Viana do Minho)

Diz-se que à meia-noite vai a Virgem enxugar à fogueira da consoada os cueiros no menino Jesus (Resende, Ucanha)

Põe-se no lume um trafogueiro (canhoto) e servem-se dele até dia de reis (Famalicão). O mesmo se faz na Beira Alta (Resende, etc.)

O uso do cepo de Natal encontra-se (ou pelo menos encontrava-se há anos) em algumas terras da Beira Alta.

Vão, no último Domingo antes do Natal, os rapazes buscar um tronco de árvore aonde o encontram, o qual é depois conduzido até ao adro da igreja, entre gritos de alegria e toques de buzina.

Ainda a propósito do Natal, um adágio de ao pé de Viseu diz:

Quem quiser bom alhal
Semei-o pelo Natal.

(...)"

in "O Pantheon", nº06

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