As nossas redes de pesca | "Ninguém vê o que tem junto de si..."

As nossas redes de pesca

Haverá quem pense, vendo as fotografias que reproduzimos (…): - «O assunto é fotogénico, mas monótono. As redes de pesca são todas iguais...»

Esta mesma impressão pode, aliás, colhê-la quem as vê, ao longo das praias do nosso litoral ou das margens dos nossos rios - estendidas ou penduradas, à transparência da água ou entre as mãos dos pescadores. 

As redes parecem todas iguais...

Mas, não terá permanente atualidade a célebre frase de Demócrito:

- «Ninguém vê o que tem junto de si e todos querem esquadrinhar os espaços celestes»?

Há um livro - pelo menos - que nos responde, nesta circunstância, afirmativamente: um in-folio de mais de quinhentas páginas, das quais cerca de cem tratam, apenas, das nossas redes.

Essa obra, editada pela Imprensa Nacional em 1892, intitula-se «Estado atual das pescas em Portugal» e foi seu autor o oficial de Marinha Baldaque da Silva.

Para alguns economistas e etnógrafos não serão estranhos estes nomes. 

Mas para os leigos .. .

Todavia, que autor respeitável e que livro magnífico!

Se abríssemos, nesta revista, uma secção bibliográfica das obras onde melhor se aprende a conhecer Portugal, esta seria uma das primeiras.

Folheemos, rapidamente, as páginas desse capítulo: - Redes de pesca do alto. Redes de pesca costeira. - Aparelhos de rede de emalhar. Aparelhos de rede envolvente. - Redes permanentes; de fundo; de superfície; de cerco-volante; de arrastar; de suspensão...

Títulos dos géneros. 

Agora as espécies, com os seus nomes tão curiosos: - zangarelho, rasca, petisqueira, sardinheira e ganapão; caçonais e corvineiras; majoeira, branqueira, saval e valo; galeão, barca-volante, atalho, tarrafa, coador, bugiganga, murgeira, chávega, chinchorro, lavada, solheira, bosca, encinho, copo, rede-pé...

E mais!

Leiam-se, depois, os descritivos e vejam-se, com atenção, as ilustrações.

- Afinal, são todas diferentes. No feitio, no tamanho, nas peças de que se compõem, nas malhas, na aplicação, na técnica. Todas muito diferentes!

«Ninguém vê o que tem junto de si...»







Texto: José Augusto | Fotos de Kahn, Manfredo e Mário Novaes

in "Panorama", nº07 – 1942

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