ABC do Folclore – Manual de Iniciação (5)
«A refeição»(»Cliché» de Homero Câncio. Alhandra) |
As diferenças
Embalados pelo
aforismo “cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso”, há ainda quem não
tenha concluído que o fronteiro terrestre nada têm a ver com as diferenças que
nos caracterizam.
Aliás era - e
ainda é, por vezes - tanto o desprezo que o nosso folclore, a nossa cultura tradicional,
mereciam dos pseudointelectuais cá do burgo, que os decisores da cultura não
fizerem em tempo devido o que, na opinião de Aurélio Lopes seria o Atlas da
Cultura Portuguesa.
Concluindo, diga-se que essas diferenças são determinadas pelas “áreas culturais“ que são áreas territoriais em que a cultura tradicional apresenta caracteres suficientemente semelhantes para as considerarmos como um corpo cultural mais ou menos orgânico.
Para o que
é principalmente determinante a interligação ambiente social/ambiente natural.
Aliás, Aurélio
Lopes considera que “não há uma maneira de viver no Alentejo, diferente do
Ribatejo, diferente da Estremadura, diferente do Douro Litoral, etc.”.
O que há, e
chama a atenção para isso, são maneiras de viver em cada uma dessas regiões,
mais ou menos semelhantes (o que é a mesma coisa que dizer mais ou menos
diferentes) entre si e com as outras e, principalmente, nas zonas limítrofes
dessas regiões.
De referir que
ao citar regiões não se refere a exemplos como o Alentejo e outras que, como se
sabe até já não existem, “mas de maneiras de pensar e de fazer“ grosso modo.
Os concelhos não
possuem homogeneidade culturais, mas podem integrar uma mais vasta área cultural,
ou ser abrangida por mais de uma, como é aqui o nosso caso de Ponte de Sor.
Claro que o
assunto será mais desenvolvido, quando tratarmos do tema Identidades.
Lino Mendes
Imagem: "Ilustração Portuguesa", nº732 - 1 de Março de 1920