História das Festas em honra de Nossa Senhora da Agonia – Viana do Castelo



Festas em Honra de Nossa Senhora da Agonia

Desde as devotas prédicas do beato Frei António das Chagas, em 1679, que a ermida de Nossa Senhora da Via Sacra começou a ter romaria no dia 20 de Agosto; e em poucos anos já não eram só os marítimos nem os vizinhos, senão os povos do Minho e da Galiza, que aqui vinham em piedosa visita anual.

O sobrinho do fundador, João Jácome do Lago, abade de S. Pedro de Este, desanexou do vínculo a capela, entregando-a à irmandade, que tomou a cargo a sua fábrica e culto da Virgem, que principiava a intitular-se da Agonia.

O nosso patrício Bento José Alves, homem de negócio em Lisboa, reedificou totalmente o edifício, aumentando-o e rodeando-o com um pequeno adro com entradas laterais, que em 1824 foi alargado para o Nascente, afim de ali se colocar a fonte; e mais tarde, em 1858 e 1868, saiu mais fora, construindo-se-lhe o escadório central.

Em Agosto de 1772, houve a feira franca com abarracamento para os lojistas, estendendo-se pelo renque de árvores até á esquina da cerca dos frades de São Domingos; porém, como vieram muitos negociantes de Braga, Guimarães e Porto, os mercadores vianenses negavam-se não só a fechar as suas lojas na Vila, como a armarem as suas tendas no campo; e nem a provisão régia de 1 777 que autorizou estas feiras, os pôde demover da sua teimosia, protestando guerrear esta romaria a todo o transe.

A feira franca durava os três dias, 18, 19 e 20 de Agosto, transferindo-se a feira de gado cavalar, asinino e vacum do dia de S. Tiago para o dia 19, mas continuando-se a reunir no campo da Penha, hoje Praça de D. Fernando.

Para acabar com as feiras, inventaram os nossos negociantes motivos de ordem pública e de moralidade, quando o que receavam era a concorrência das próximas cidades; e tanta foi a intriga que a provisão de 1800 proibiu as feiras da Agonia.

Mas devia durar pouco este triunfo, pois, a pedido do próprio Senado e dos Mesários da Agonia, foi restabelecida a feira logo em 1806; e apesar da invasão francesa, as transações elevaram-se a dezenas de mil cruzados.

As festas de 1822 foram expendidas; e Santos Lomba não só custeou tudo, mas ofereceu à capela um bom piano, que trouxe de Cádis, talvez o primeiro que houve em Viana.

As questões políticas afugentaram os visitantes, e só depois de aberta a estrada macadamizada do Porto, em 1858, voltaram as feiras ao pristino brilho.

Apareceram as exibições espaventosas e os inventos modernos, como o fogo do José Osti, os gigantes do reino vizinho, a iluminação a tigelinhas de sebo, os balões, os bazares a substituírem-se às arrematações de pregão, etc., etc.

Com a abertura da linha férrea, as feiras tomaram nova feição, perdendo em grande parte o· cunho local, diminuindo sobremodo a qualidade e quantidade da mercancia exposta, estendendo-se hoje em dia os festejos a toda a cidade, inscrevendo-se nos programas da romaria cousas nunca vistas nem admiradas!

Viana, Agosto 1920.

L. de Figueiredo da Guerra

in "Revista de Turismo", vol. 5 - nº 101 - 1920 | Imagem: "Ilustração Portuguesa", nº 87 - 1907

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