Valorização do Folclore | Não vender “gato por lebre”!

No nº 14 da revista “Panorama” (Abril de 1943) alguém escreveu, com o título: "Valorização do Folclore":

“A última batalha da nossa campanha deve consistir na valorização turística daquele folclore que está compreendido em cada uma das zonas.

O turista, acima de tudo, é um esfomeado de pitoresco, um caçador de coisas diferentes, de novas sensações e visões.

Ora, Portugal é um cofre de velhas e coloridas coisas que não são difíceis de trazer à superfície, flauta rústica onde dormem velhos ritmos e melodias e um dos mais sugestivos guarda-roupas da Europa.

Medite-se, por exemplo, no interesse turístico mantido pelo Minho através dos trajos sempre frescos das suas raparigas, dos seus grupos de cantadores e de cantadeiras...

Vamos, pois, para a valorização do folclore nacional, através de concursos de trajos, arranjo das habitações rústicas, das canções populares etc., etc...

Mas cautela, muita cautela com o perigo dos ranchos aperaltados, muito finos, com pandeiretas e fitas...

Cautela com o profissionalismo do típico...

O folclore deve ser, apenas, a graça natural de trajo domingueiro, de ver a Deus, que não deve transformar-se nunca em trajo de carnaval...”

Passados mais de trinta anos, nos finais da década de 1970, o então Presidente da Federação do Folclore Português, Augusto Gomes dosSantos, elaborou e divulgou de norte a sul do país, uma lista com “Observâncias fundamentais para um Rancho Folclórico que se propõe representar a sua região com base nos usos e costumes do princípio do século 20”.

E, num texto singelo sobre Danças etnográficas durienses, o Pe Luís Morais Coutinho afirmou: 

Ao falar da dança etnográfica alto-duriense devo dizer que ela não escapa à destruição que por aí campeia como praga ou epidemia.

Grupos que se atribuem de Ranchos Folclóricos e nós não vemos de onde é o folclore. O traje, a música, o ritmo e o gesto não dizem de onde são ou até dizem que não são.

Certos responsáveis chegam ao cúmulo de arranjarem letras e músicas de sua lavra. São inimigos piores que a discoteca, e também não vou rir, pois ninguém se deve rir de coisas sérias.

Dentro de alguns anos, os etnólogos vão ter tremendas dificuldades em separar o que é bom do que cheira mal…

Haja muito folclore, mas do verdadeiro! Que possamos ver no traje, na música, no ritmo e no gesto a história do nosso povo! Que possamos ver as nossas raízes, afinal”.

Terminamos com a afirmação do Dr. Carlos Gomes: “Existem Grupos de Folclore que “representam” o século XX quando afirmam representar o Folclore do final do século XIX”.

Vale a pena ler o seu texto, pois o que importa é refletir sobre os caminhos que, infelizmente, alguns Grupos ainda trilham!

A imagem acima, retirada da "Ilustração Portuguesa" (1922), não é meramente ilustrativa. Serve para nos questionar de forma séria e responsável: será que os trajes de trabalho dos Grupos da região desta jovem retratam efetivamente a realidade até esta data, ou são mais “bonitinhos e arranjadinhos”?

*****

A importância da valorização do Folclore Português

A valorização do Folclore Português é de extrema importância para a preservação da cultura e identidade do país.

O Folclore Português abrange uma variedade de manifestações culturais, incluindo lendas, danças, músicas, festas e artes populares.

Uma das principais razões para valorizar o Folclore Português é a preservação da história e tradições do povo português.

Essas manifestações folclóricas são transmitidas de geração em geração e carregam consigo muitas histórias, costumes e conhecimentos que ajudam a compreender a identidade cultural do país.

Além disso, o Folclore Português possui uma riqueza artística única, com danças, músicas e artes populares que são verdadeiras expressões de criatividade e talento artístico.

Valorizar o Folclore Português significa valorizar também os artistas e artesãos que produzem essas manifestações culturais, ajudando a manter vivas essas tradições e garantindo também a sustentabilidade dessas atividades.

A valorização do Folclore Português também contribui para o turismo cultural em Portugal, atraindo visitantes interessados em conhecer e vivenciar as tradições do país.

O Folclore Português é uma parte importante do património cultural de Portugal e pode ser uma fonte de receita e desenvolvimento econômico para comunidades locais.

Para promover a valorização do Folclore Português, é necessário investir em pesquisas, documentação e promoção dessas manifestações culturais.

É importante também fomentar a educação e conscientização sobre o Folclore Português nas escolas e na sociedade em geral, para que as futuras gerações tenham plena consciência da importância dessas tradições e possam manter viva essa herança cultural.

Em resumo, a valorização do Folclore Português é fundamental para a preservação da cultura e identidade do país, além de contribuir para o turismo cultural e o desenvolvimento econômico local.

É necessário investir em pesquisa, promoção e educação sobre o Folclore Português, para que essa rica herança cultural continue viva e seja valorizada por todos. (GPT)

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