Distrito de Vila Real: fumeiro tradicional e artesanato


Fumeiro tradicional


O porco tem sido, desde tempos remotos, um dos pilares da economia doméstica nas comunidades rurais. 

Ele fornece, bem regrada, carne para todo o ano, proteínas e gorduras que fazem falta, por igual, na dieta de uma região fria como esta. 

E carne tão saborosa e variegada, que se diz que cada parte tem o seu gosto próprio, desde a ponta do focinho à ponta do rabo – e todas deliciosas.

Os presuntos foram a curar, de pois de convenientemente preparados. 

Da mesma forma, a gordura, ou unto, vai servir para adubar as sopas e outros cozinhados ao longo do ano. 

Os lombos, esses têm um destino mais nobre: são utilizados na confecção de enchidossalpicões e linguiças, na verdade (juntamente com o presunto) o mimo maior de todos os produtos porcinos.



O fumeiro encerra em si antiquíssima arte de temperar. A sua variedade é também surpreendente, desde as alheiras às mouras, e muitas outras variedades, muita delas locais, que só a passagem por lá nos pode revelar.

Poucos cenários serão tão sugestivos como um fumeiro bem guarnecido, na sua enorme variedade, a secar ao fumo da lareira, formando como que um sobrecéu de fartura e sabor na cozinha transmontana. 

Mas, obviamente, esta produção doméstica, sendo importantíssima para a dieta da família e para a sua economia, não responde às necessidades do mercado. 

Existem hoje unidades de transformação neste campo, em que o aproveitamento da carne de porco se processa a nível industrial, colocando no mercado produtos de boa qualidade.



Artesanato (Barro Preto e Linhos)


O artesanato é uma das facetas mais interessantes da ruralidade transmontano-duriense. 

E ele respondeu às necessidades imediatas, comuns, dos dia-a-dia, das populações, em tempos em que a indústria ainda não se tinha desenvolvido o suficiente para colocar os seus produtos na aldeia a preços acessíveis.

Como, porém, o homem cedo se preocupou em deixar uma estética no que lhe sai das mãos, depressa os produtos artesanais começaram a ganhar uma dimensão que transcende o simples utilitarismo e a ser testemunho simultaneamente de valores etnográficos ancestrais e da capacidade criativa do homem rural.


Hoje, apesar do declínio evidente da maioria das actividades artesanais, valorizam-se muito os seus produtos, alguns dos quais alcançaram um verdadeiro estatuto de must, como é o caso dos linhos que as mãos pacientes e artistas das tecedeiras de Agarez (Vila Real), Limões (Ribeira de Pena) e muitas outras povoações serranas criam nos seus teares rústicos, também eles artesanais. 

É o caso também das louças pretas de Bisalhães (Vila Real) e de Vilar de Nantes (Chaves).


Tantos os linhos (toalhas de mão e de mesa, colchas e outros artefactos) como os barros pretos (bilhas, moringas, alguidares, tachos e esses prodígios de miniatura que dão pelo nome de pucarinhos) têm em Vila Real um momento alto: a Feira de São Pedro, a 28 e 29 de Junho, em que se transaccionam grandes quantidades deste artesanato. 

Texto: Folheto - Promoção dos Produtos Regionais do Distrito de Vila Real (NERVIR)

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